Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Estrela cadente

Era uma vez uma estrela decadente, porque não estava no céu.

Era uma vez uma estrela-do-mar que sonhava em atingir as nuvens com seu brilho. Mas ela não tinha brilho, tinha apenas vários micro-pés que a faziam andar pela areia do oceano.

As estrelas cadentes tinham asas e voavam livres, GRANDES, iluminavam os sonhos daqueles que, com sorte, as avistavam. Elas sempre alimentavam esperanças e cada milímetro de azul celeste sempre foi uma passarela: glitter, batons, saltos agulha, sombras Lâncome, pele de cocô Chanel. As estrelas decadentes ralavam muito para conseguir ascender ao vôo.

E a estrela-do-mar ficou ali... olhando o céu e desejando sair do oceano. Admirando todo aquele brilho da tela universal.

Uma ondina, brava com toda aquela lamentação, disse-lhe que mandaria uma onda tão alta como um tsunami para a estrela-do-mar ir para o céu realizar seu desejo. E assim foi feito. Surf celeste. Toda aquela costa foi inundada e a estrela-do-mar virou estrela-do-céu.

Chegou maltrapilha nas nuvens, com uns arranhões de areia na bunda e não brilhava. Ela tinha o passo "moon-walk" com vários mini-pés. Nunca conseguiria atingir a velocidade das modelos-cadentes. A estrela-do-céu continuou devagar. Mas dali de cima viu que a sua casa brilhava: o oceano é realmente lindo visto de cima. E ela se tornou saudosista, caminhando lentamente pelo céu. Tão devagarzinho que conseguia realmente ouvir os pedidos dos pobres que esparramam ao céu seus desejos. Ou você acha que as estrelas cadentes em cima de seus saltos e correndo para se exibir ouvem realmente o que você deseja de coração?

E de vez em quando alguém via a estrela-decadente que andava com seus pezinhos lentamente para alcançar o oceano. E esse alguém de vez em quando confundia com OVNI e soltava teorias conspiratórias, desejando que o mundo acabe no final deste ano. E para cada desejo puro que a estrela-decadente ouvia ela amarrava uma fitinha num dedinho de um dos pés, para quando voltar ao oceano, encaminhar as fitinhas aquela Ondina, porque era ela quem realmente realizava desejos.