Deitada boa parte da manhã na rede, no balançar de navios que só uma mão empurrando uma parede podia fazer. Depois de um miado insistente, como um choro de criança mimada, coloquei a gata no colo e lá ela ficou, em meio a uma manta cujas cores em nada combinavam com as da rede, um caderno magérrimo de tantas folhas arrancadas - como flor despedaçada - e uma caneta quase morta-viva, sem aquele botão que tanto irrita os mais neuróticos.
Quis levantar-me, ao menos virar as páginas... Mas fui tomada por uma grande onda de sono. Estava no oceano não estava? A rede era o barco e a dimensão onírica um grande mar profundo no qual eu apenas fechei os olhos e mergulhei profundamente.
Infelizmente, pequena mortal, acordou de súbito como se uma facada (Ginso) ferisse o casco do navio e o susto representasse um afogamento de desilusão: não passara de um sonho, e pior, eu não lembrava absolutamente de nada!
"Para não ser um desses escravos martirizados pelo Tempo, embebede-se, embebede-se sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha." C. Baudelaire.
Henri T. Lautrec
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domingo, 16 de novembro de 2008
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