Era uma vez a história do último copo de cerveja. Ele disse que seria o último, que seria o último gole, que seria o último gelo da boca, que as pernas
já não aguentariam mais tanto peso do tronco para carregar. Mas a promessa não foi cumprida e o último gole foi substituído pelo próximo gole. Este,
apelidado de o último gole, novamente.
Este famigerado Último gole não era um gole qualquer, não era um desses goles que acha-se barato na esquina,
desses goles que você rouba um beijo passa uma mão aqui, acolá e sua carteira já foi batida e você nem viu... Esse gole não. Esse não. Ele se fez presente.
Ele encostou nos lábios, amorteceu mais a boca, fez dançar as pernas mais uma vez e foi descendo, descendo e então o sujeito que prometia o nome especial
tomou conta que havia realmente encontrado o verdadeiro gole. Em troca da paixão no primeiro gole Lhe foi devolvida uma rajada de gorfo.
Num golpe só, na mesma violência com que uma mulher abatida arranca o próprio pêlo da perna para ficar mais sensual. O sujeito caiu e se tornou emprestável,
possível de ser jogado fora assim como o pêlo. Pois é, no dia seguinte o pelo nasceu de novo e a promessa do último também,
com a forte lembrança martelando na cabeça: "Ai que loira gelada que me dá dor de cabeça!"
"Para não ser um desses escravos martirizados pelo Tempo, embebede-se, embebede-se sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha." C. Baudelaire.
Henri T. Lautrec
Marcadores
- Contos (19)
- Impressões casuais que não valem a pena ler (8)
- Impressões casuais que valem a pena ler. (17)
- piquete (1)
- Recado pra mim mesma (13)
- tentativa (29)
- Trechos significativos (27)
domingo, 7 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por seu comentário.