Meu gato mordeu-lhe a fronte de manhã e uma curruíra o chamará de volta pro ninho... Meu pai percebeu o ataque do nosso gato Pepe e tirou o pardal da boca dele. O pardal estava sobre guarda da curruíra e passou pros cuidados de meu pai.
Foi ai que ele me chamou e com uma seringa dei semente de linhaça amassada no bico.
O coitadinho ficou ao meu lado no quarto durante cerca de uma hora, quando lhe dava mais comida e ele suspirou fundo, abrindo a asa para voar de novo.
Eu acolhi seu corpo pequeno nos dedos e na palma da mão, aquecendo-o com o algodão e soprando quente pra tentar fazer ele abrir os olhos... E ele abriu, meio que dizendo obrigado e depois ficou imóvel. Sem respirar ele ficou menor ainda do que era.
Abri a porta do quarto com os olhos em prantos e entregando o pequeno nas mãos do meu pai, que foi o coveiro.
Foi o segundo passarinho que acolho tentando salvar. Podem aparecer quantos forem que, até minhas mãos gelarem, elas darão calor e água.
Então, meu pai me contou que na época que ainda não havia ambulâncias do SAMU, ele e umas pessoas que passavam na estrada ajudaram um homem e seu cavalo que foram atropelados por um caminhão. O homem morreu nas mãos de meu pai.
Homem e passarinho talvez suspirem da mesma forma segundos antes de morrer. Suspiros de que quando chega a hora, resta apenas fechar os olhos.
E a gente chora por eles...
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