Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Encostei a cabeça

Encostei a cabeça no travesseiro e lembrei que não matei ninguém, não roubei ninguém e estou pagando as dívidas que tenho. Consigo dormir.

Encostei a cabeça no seu peito e lembrei que você nunca me magoou e, pelo contrário, me fez rir muitas vezes. Você respira e eu respiro depois. Depois a gente respira junto. Consigo dormir.

Encostei a cabeça no braço, estando em pé enquanto o metrô anda. Lembrei que estava indo para casa descansar e que eu ali demoraria ainda uma hora para o desejo do sono se concretizar. Lembrei que não sei lidar com o tempo ou ser organizada. Não consigo dormir.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

The love without boredom

Alguém pegou minha câmera em julho de 2012.
Estou de amarelo olhando de ponta cabeça o pôr-do-sol.
Morro do Piripau. Cambuquira. MG.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Estrela cadente

Era uma vez uma estrela decadente, porque não estava no céu.

Era uma vez uma estrela-do-mar que sonhava em atingir as nuvens com seu brilho. Mas ela não tinha brilho, tinha apenas vários micro-pés que a faziam andar pela areia do oceano.

As estrelas cadentes tinham asas e voavam livres, GRANDES, iluminavam os sonhos daqueles que, com sorte, as avistavam. Elas sempre alimentavam esperanças e cada milímetro de azul celeste sempre foi uma passarela: glitter, batons, saltos agulha, sombras Lâncome, pele de cocô Chanel. As estrelas decadentes ralavam muito para conseguir ascender ao vôo.

E a estrela-do-mar ficou ali... olhando o céu e desejando sair do oceano. Admirando todo aquele brilho da tela universal.

Uma ondina, brava com toda aquela lamentação, disse-lhe que mandaria uma onda tão alta como um tsunami para a estrela-do-mar ir para o céu realizar seu desejo. E assim foi feito. Surf celeste. Toda aquela costa foi inundada e a estrela-do-mar virou estrela-do-céu.

Chegou maltrapilha nas nuvens, com uns arranhões de areia na bunda e não brilhava. Ela tinha o passo "moon-walk" com vários mini-pés. Nunca conseguiria atingir a velocidade das modelos-cadentes. A estrela-do-céu continuou devagar. Mas dali de cima viu que a sua casa brilhava: o oceano é realmente lindo visto de cima. E ela se tornou saudosista, caminhando lentamente pelo céu. Tão devagarzinho que conseguia realmente ouvir os pedidos dos pobres que esparramam ao céu seus desejos. Ou você acha que as estrelas cadentes em cima de seus saltos e correndo para se exibir ouvem realmente o que você deseja de coração?

E de vez em quando alguém via a estrela-decadente que andava com seus pezinhos lentamente para alcançar o oceano. E esse alguém de vez em quando confundia com OVNI e soltava teorias conspiratórias, desejando que o mundo acabe no final deste ano. E para cada desejo puro que a estrela-decadente ouvia ela amarrava uma fitinha num dedinho de um dos pés, para quando voltar ao oceano, encaminhar as fitinhas aquela Ondina, porque era ela quem realmente realizava desejos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ameaçemos o equilíbrio de uma poça d'água.


Ameaçemos o equilíbrio de uma poça d'água.
Eu lhe dou as mãos e pulamos.
molhemos nossas botas,
enxarquemos nossas meias
sujemos a barra de lama

porque é arriscando que a vida vale a pena

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Absinto tequila na garganta

Um galo canta: uma da manhã
e madruga a centelha de outrora.

Sempre alguém escuta
no fundo do vento o rastro
e seu passo desliza.

Sempre alguém permanece à janela
à sombra da rua
movimentando o vazio com os olhos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Pra Aurora

Ensaio alegria com chapéu e óculos de sol
Visto salubridade escovando os dentes
O sabor da felicidade é ideia de estar contigo.

Bom dia insônia e o travesseiro de segurar portas.
Bom humor, brisa fria se alastra na espinha da avenida
Bom cobertor do sonho, real na rua,
Salva as almas, perdoa as quinas da vida.
Bela aurora, me guia.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

AO LONGO DE MIM


AO LONGO DE MIM

(racunho de poema)

Ao longo de mim, flores
para o festim do eterno.

Para quando soprar o destino,
eu fechar os olhos.

Eu sentir o todo.

Ao longo de mim meu rosto anônimo.

Rascunho das cores de um pintor.

Arco-íris profundo.

Coragem num caleidoscópio  dissonante.

Ao longo de mim estradas.
A cova viva do espetáculo nascente.

Ao longo de mim o rascunho do eu pela luz do Criador.

Ao longo de mim as asas dos anjos.
Sou um títere com equilíbrio interno.

Ao longo de mim
o mistério da sabedoria

Vinte-e-quatro primaveras
e um metro e cinquenta de visão de mundo

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Envelhecimento do dia

"O envelhecimento do dia." Jardim do Déio. Domingo, 25 de março de 2012. São Paulo.



O Envelhecimento do dia


Estou caída como a folha seca do galho.
Voei distante, sem prestar atenção ao destino do chão.
Os galhos alheios me seguram as pontas...
E eu inerte fico a observar o destino costurando
sua teia das passagens dos dias.

Envelheço em tom magenta,
com a vergonha no rosto das falhas humanas.
Com a fragilidade de quem será pó na terra
E com as rugas de preocupação por ser apenas folha
que não traz princípios escritos
ditos, manipulados. Manual de instrução.

Eu gosto de pisar em folhas
e piso em mim com o sadismo de quem não sabe ser
qualquer coisa além de folha.

Quando cair novamente, o fiel destino enfim
assinará Caleidoscópio Nascente.
E as profundezas dos dias irão prosseguir
e eu profundamente fecharei os olhos e sentirei o vento.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PESTILENTO IV

Eis tudo.
De pouco fica nada do vazio que preenche.


There's about life.

esp irro

A arte de viver
viver de arte.

A arte de Rê-
-nascer
-inventar o invencível
Tempo Dê.

 Re-construir
ruínas de flechas vermelhas
em mar aberto do Sol poente.

O gelo
pendurado na pálbebra
oscila pra ponta do corpo, o centro gravitacioNALIZ.