Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

sábado, 18 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

it serves me right to suffer

Nada mais triste do que um blues triste. Se é verdade que não dá pra fazer um samba alegre sem um pouco de tristeza, tenho certeza que a instância do blues no sambista está mais do que imersa.

O delírio maior da tristeza está naquela vertigem da perda. E se lhe tiram o chão, abruptamente? Rancam o tapete dos teus pés e não há mais chão? Que fazer?

Inconscientemente, feche os olhos e mergulhe na própria inconsciência. Porque se lhe tiram o real, flua no que lhe sobra, então.

Mas, se a vertigem é a sensação de alcance do céu, então aquilo que é preso no inconsciente liberta os pés numa espécie de plenitude, não naquele precipício momentâneo.

E, se vem a aurora, celebre. E se não houver luz, nem aurora, abra a janela e respire um blues...


Dedicado a John Lee Hooker e a escala pentatônica
(Da série: desengavetar os sentidos)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meus dias de Fausto

Penso que ofertei minha alma a Eros, algum dia. Assim como Fausto trocou a sua por alguma coisa que a ele era inatingível... Fiz isso, algumas vezes assim como todos os amantes meio bêbados e burros...
Evoé.
Num dia Dionísio com tranqüilidade deve ter visto algum encanto nesta sombra sem alma que vos fala e me deu um de seus vinhos, o mais doce. A bebida tinha cor de uma mão que embala a minha, um aroma afrodisíaco e o gosto viciante. Eu a tomo, ouvindo The Doors, de Orfeu. Parece inesgotável, deve ser maior que o infinito. E espero que o encantamento que me perturba o coração não seja mais efêmero do que um raio de luz.
Talvez eu ateie um nó na minha cintura e no presente de Baco.
E mesmo se Eros aparecer e mangar de novo, fazendo troça, chamarei Morfeu para enfeitiçar meu sono.