Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

sexta-feira, 21 de maio de 2010

sem asas

Nos dias em que ao levantar o estômago já está na boca, sem que seja resultado de um porre, há que se preocupar.
De longa data algo lhe incomoda, já tem raízes e uma espécie de cola que gruda qualquer tipo de insatisfação. O grande monstro feito de colagem (de quilos de papéis rabiscados e amassados) preserva-lhe as roupas, rugas e o grande vazio. Havia um ser dentro de você ele já foi embora. Não há mas ninguém. (Seria a ausência de si mesma?)
Livre de consciência, na despreocupação do F.
Talvez seja o desejo apenas de abrir asas, mas ser frágil demais para suportar a grande altura...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tentei abrir a porta e janela para ver o Sol nascer.

Olha só
já não tenho mais graça.
Da dança boba
As pernas bambas já não sabem dançar.

Vem me levantar
Que num posso mais.

Da cama não saio.

Da roupa a costura rota tapa
meu corpo rasgado pela vida.
Os retalhos do vestido estão espalhados.

Feche a porta por favor
Das páginas de minha história.
Porque as orelhas são de livros velhos.

Estas daqui já não escutam tão bem
E aquelas já tem a imagem amarelada
E minha cor, desbotada do vestido
deixa a meiguiçe do que fui.