Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

quarta-feira, 13 de março de 2013

A mama apátrida

De repente uma luz e uma fumaça branca roubam a atenção das nuvens no céu do Vaticano. Uma senhora negra de cabelos grisalhos e com uma flor amarela presa na orelha suspira fundo.
- Escolheram a mim para representar a energia criadora na Terra dos homens. Disseram que eu era adequada, mas duvidei. Ninguém enfim merece esse destino porque cada um tem seu valor como ser vivente. Lidar com a responsabilidade de estar vivo é sabedoria e escolha do coração e mente de nós mesmos.
O silêncio sepulcral parece dar fim à milênios de dogmas, mas ela continua em sua fala mansa.
- Vocês falam tanto num cara que pregou o amor e era abnegado às coisas materiais... Pois eu vos digo que cada um tem o direito de amar quem quiser, como quiser. Amor em seu sentido pleno de respeito ao outro: ame e seja amado. Amor significa também compaixão pela dor do outro; não brinque com o sentimento dos outros. Ame seu pai, sua mãe, seus irmãos. Proteja sua família com a humildade de valorizar seu emprego. Ame a quem você escolher para ser seu companheiro ou companheira. Ser gay não é crime. Anjos não têm sexo. E o amor é muito mais do que os cromossomos X e Y podem significar na Natureza.
- Ser mulher, negra, homem, branco, velho, novo, rico, pobre tanto faz. Experimente morrer e encare sua velha ossada branca. Compare com a dos outros. Perceba, ela é exatamente igual. Não nos diferimos em nada um do outro, a não ser pelo nosso caráter, formado pelo desejo do coração e ações comandadas pelo cérebro.
- Somos máquinas, animais com mamas e completamente sentimentais. Encarem os fatos. Poeira cósmica que infestou o mundo e não respeita os animais. Somos imperfeitos em busca de sermos melhores a cada nascer do Sol. Renovem-se e vejam que apesar de todas essas semelhanças, sois diferentes.
- Cremos em deuses com nomes, vestes e atitudes diferentes, mas somos seres tão imperfeitos que não conseguimos ver que é a mesma energia de que estamos falando: a energia que faz um bebê nascer, que faz a flor de lótus brotar do lodo, que perdoa o outro. Dentro de cada um, por fora das Galáxias. O que move toda essa física comportamental se não o Amor?
Então a velha senhora sorriu e, sem dar as costas, se juntou aquele monte de gente que voltou pra casa pra fazer a janta.
O novo papa (mama) apátrida, assim, instaurou uma centelha de paz mundial

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