Henri T. Lautrec

Henri T. Lautrec
Suzanne Valadon

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Severina do Itaim Paulista

Histórias de metrópole - capítulo I

Severina, que eu apelidei Severina, mora com a sobrinha que adora dançar forró. Severina adora correr e sempre que pode, corre no parque do Ibirapuera. Severina namora um cara que faz faculdade de madrugada e que trabalha no Morumbi. O namorado, ela e a sobrinha moram no Itaim Paulista (Zona Leste) e ela chega mais rápido de ônibus e de trem em Moema do que se fosse de carro.

Ela gosta de São Paulo e não voltaria pra Fortaleza, onde nasceu, por causa do calor dos trópicos. Severina gosta é de correr e talvez goste da correria de São Paulo. Quiçá ela não gosta de esperar e por isso ela briga com o namorado para ele não buscá-la no trabalho. É o problema do congestionamento, já que ela chegaria até ele antes de ele a alcançar.

Fora isso, ela tem amigas bonitas que fazem academia onde mulheres invejosas tecem comentários sobre a roupa e quanto de gordurinha aumentou das outras mais bonitas... Severina disse que por esses motivos e pelo lugar ser fechado ela prefere correr pelos parques quando pode...

Severina é muito apegada ao pai dela, que já está no céu. E, como eu, acredita que a gente colhe coisas boas se plantamos coisas boas. Ela disse que há gente ruim que é rica e também que é pobre. Eu disse a ela que nosso coração é que leva a gente...

Severina, de rosto marcado pelo Sol de Fortaleza, com os poros sujos de poeira de São Paulo, Severina que não sai sozinha de casa depois das 20h, que diz que o medo impede a gente de fazer um monte de coisa, que diz que o porteiro a chama de madame, que usa roupas alegres e não gosta de andar de salto alto pra poder andar pelas escadarias e calçadas da metrópole, me roubou 40 minutos de cochilo no ônibus Terminal Bandeira quando havia muitas cadeiras vazias e ela quis a do meu lado, que estava minha mochila... Severina desandou a falar de sua vida a mim. E, eu sabendo que isso sempre acontece, que as pessoas mais aleatórias vem a mim contar sua história, e mesmo sem eu saber direito o porque, ouvi as histórias de Severina, comentei-lhe o mínimo, desejei-lhe bom dia e segui meu trabalho. Eu disse: Agora tenho que correr... Bom dia! E ela seguiu atrás e sorriu pra mim.

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